terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O Trabalho do Revisor Ou Aquilo Que Não se Ensina



Existem tipos diferentes de revisão, citarei algumas com minha própria definição:



¢ Revisão de Formatação: quando o revisor verifica se as normas (ABNT ou outra) estão corretamente aplicadas.

¢ Revisão Ortográfica: quando o revisor verifica se foram observadas as normas ortográficas vigentes.

¢ Revisão Gramatical: quando o revisor verifica se, além das normas ortográficas, também foram observadas as demais normas da língua. Neste caso, é observado se a pontuação, os parágrafos, os períodos, enfim, se o texto está corretamente escrito.

¢ Revisão Textual: denomino desta forma por estar me referindo ao texto como um todo. Neste caso, o revisor verifica se no texto há coesão e coerência textual. Vocês certamente já leram (ou escreveram) textos perfeitamente corretos gramaticalmente, porém, como dizem, "sem pé nem cabeça". 

¢ Revisão de Estilo: neste caso o revisor provê adequação da escrita ao padrão exigido pelo trabalho em questão. Por exemplo, quando o revisor adapta um texto ao estilo acadêmico.

¢ Revisão Semântica: por vezes o texto está formalmente bem escrito, porém, semanticamente mal escrito. Por vezes há ambiguidade no sentido das frases, contradições ou simplesmente, há falhas argumentativas no texto, ao menos na forma como as ideias estão expostas. Esta é talvez uma das formas de revisão difíceis de fazer.

As três primeiras formas de revisão são as mais comuns e também as mais básicas. Exigem um nível bem básico de treinamento e formação.

A revisão textual, por sua vez, exige um nível mais especializado de treinamento, afinal, alcançar um ponto ideal de linearidade, clareza e encadeamento das ideias em um texto é algo bem mais complexo do que simplesmente corrigir gramaticalmente.

A revisão de estilo, por sua vez, não é um trabalho tão complexo, afinal, existe um conjunto de normas a serem seguidas. Ainda assim, é um trabalho artesanal, no qual se precisa ser muito meticuloso para escolher os termos certos, para utilizar os termos de maneira adequada ao que se propõe. E claro, o que é adequado, devo lembrar, é contextual. Os estilos variam de acordo com a época, área de estudo, finalidade e local onde onde o texto será apresentado.

A revisão semântica é a mais difícil e cuidadosa e também artesanal. Com a facilidade das novas tecnologias e ampliação da máquina midiática, a produção de textos foi relegada à posição coadjuvante. 

Com tantas informações à disposição e com tantas pessoas provendo conteúdo (muitas vezes, o mesmo conteúdo sendo plagiado ao infinito), há cada vez menor preocupação com o exercício de escrever argumentativamente. Não há preocupação com a base argumentativa dos textos, com o encadeamento de ideias, com a mensagem a ser transmitida.

Ao escrever, transpomos pensamentos à linguagem escrita e neste sentido, toda escrita é uma tradução e não há linguagem mais complexa do que a dos nossos próprios pensamentos. Como traduzir a outro aquilo que você pensa? A maioria das pessoas não sabe como fazer isso, afinal, não é algo que possa ser ensinado.

Você pode aprender todas as técnicas de escrita, normas da língua e normatizações oficiais e ainda assim, não se pode garantir que seu texto será bem escrito.

Saber as normas da língua não é o mesmo que saber escrever. O bom escritor é, por princípio, um excelente leitor, um bom pensador e um razoável tradutor.




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